quinta-feira, 2 de junho de 2011

O CENTRO DE CAMPO GRANDE - REQUALIFICAÇÃO

Finalizando o assunto, espero que tenham gostado das informações e opiniões sobre nossa cidade querida.

 REQUALIFICAÇÃO, tem que ser um objetivo, um desejo da população que vai fazer uso dele, senão corremos o risco de construir mais um espaço somente para a população de maior poder aquisitivo que está disposta a pagar para usufruir de um espaço diferenciado onde está a nossa história.
 No setor das edificações deve-se dar novo visual a esse centro, recuperando as fachadas originais, retirando os enormes painéis de aço que tanto contribuem para a poluição visual. A identificação do comércio deve ser feita de maneira a não agredir essas fachadas recuperadas.
 A infraestrutura deve ser através de redes subterrâneas, para que os fios aéreos sejam retirados com a consequente diminuição da poluição visual. A iluminação deve atender aos novos usos e espaços, criando ambientes de maior conforto.
 Esses setores, modificados, causariam um melhor aspecto visual do nosso centro e não seriam o de maior complexidade.
 As ruas, os passeios, a praça Ari Coelho, os canteiros centrais da Av. Afonso Pena, o antigo leito da estrada de ferro e a antiga rodoviária mereceriam em conjunto com os transportes uma profunda reflexão e intervenção.
 O pedestre deve ser o ponto central da REQUALIFICAÇÃO do centro, dando a ele oportunidade de circulação com maior segurança, além de proporcionar a ele locais para descanso e lazer com a ampliação dos espaços existentes, interligando, através de pisos diferenciados e apropriados, as ruas, passeios, a praça, o antigo leito da ferroviária e a antiga rodoviária.
 O transposte público merece um estudo acurado, sendo privilegiado o acesso da população de todos os pontos da cidade, com a criação de uma estação de transbordo nesse centro. O transporte individual pode ser atendido com bolsões de estacionamento nas proximidades da área a ser requalificada.
 Os equipamentos e o mobiliário urbano também deve ser objeto de estudo, pois sua adequação vai determinar uma maior e melhor utilização do espaço público que será criado com a integração das áreas citadas, propiciando assim uma melhor qualidade ao centro e o pedestre sendo finalmente beneficiado.
 Não podemos deixar de observar a importância de uma profunda alteração na ACESSIBILIDADE, com uma intervenção radical reduzindo a área de circulação de veículos, diminuindo os conflitos e propiciando uma racionalização do uso tanto do transporte individual quanto coletivo.
 Espero estar contribuindo para o debate.
 Tenho dito.

Dirceu Peters

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O CENTRO DE CAMPO GRANDE - REVITALIZAÇÃO

Iniciamos na semana passada uma série sobre nossa cidade. Continuamos falando hoje, sobre revitalização.

O QUE É REVITALIZAÇÃO?

 Revitalização no âmbito do planejamento urbano é a intervenção em áreas abandonadas, deprimidas, semi abandonadas ou semi destruídas de alguma cidade ou local, que anteriormente impossibilitavam a ocupação residencial ou comercial.
ex.: Pelourinho (salvador), Estação das docas (Belém), Recife antigo.
 A revitalização urbana tem ocorrido em centros históricos que possuem grande valor comercial por trazerem consigo as características históricas e culturais das cidades, Esses valores são mais caros as camadas mais abastadas da população e o que tem acontecido, é que isso tem gerado a elitização dos espaços revitalizados, com a a expulsão dos ocupantes de baixa renda para a periferia com a atração de novas atividades.
 Todos entendemos que a intervenção no patrimônio é fundamental para que sejam preservadas a memória histórica e cultural das cidades, além de contribuir para que a população possa ter uma identificação com sua cidade, mas isso não pode ser conseguido com a exclusão de qualquer das camadas da população, a intervenção do poder público deve visar o interesse coletivo.
 Não acredito que seja a intenção quando se promove esse tipo de intervenção urbana, no entanto, é isso que tem ocorrido nas revitalizações efetivadas, como exemplos citados, espero que todas as variáveis estejam sendo consideradas para que isso não ocorra em Campo Grande.
 Gostaríamos de também observar, que o centro de Campo Grande não se enquadra nas condições dos exemplos clássicos para a implantação de uma revitalização urbana. Afinal, essa área não está abandonada, deprimida, semi abandonada e muito menos semi destruída, por tanto a intervenção aí, deve ocorrer de outra forma e com outra característica.
 A intervenção no centro de Campo Grande, para mim, melhor se enquadra como uma  REQUALIFICAÇÃO URBANA, que seria a transformação dessa área, abrangendo espaços, edificações, vias, infraestrutura e transporte, pois ela necessita de manutenção e modernização, visando melhor qualificação para atender seus usos e novos usos.
 O nosso centro está consolidado a quase um século, agora cabe aos agentes públicos acrescer a modernização, dando a esse centro novas qualidades que correspondam aos desejos da população que deve se manisfestar das mais diferentes formas essa requalificação.
 Mas isso é assunto para semana que vem.


Dirceu Peters

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O CENTRO DE CAMPO GRANDE

Dando início a uma série de posts sobre nossa maravilhosa cidade, - essa é a primeira de 3 partes - , espero contribuir para a melhoria e um início de debates, colaborando para a modernização.

  A região central de Campo Grande a mais de 30 anos é objeto de estudos visando sua modernização, partindo do plano do Arquiteto Jaime Lerner em 1978, que criava um grande calçadão na rua 14 de julho e em algumas transversais. O calçadão da Barão foi implantado em 1980, mas acabou modificado a cerca de 20 anos, com o aumento da via de rolamento para veículos. Novamente volta-se a falar na região central, agora incorporando novas áreas , até em função da desativação da rodoviária central e da retirada dos trilhos da estrada de ferro desta área.

  O fenômeno de decadência dos centros das cidades, está associado ao processo e ao modelo de urbanização por qual passaram as principais cidades do país e do mundo, em que fora criados novos núcleos habitacionais e comerciais devido ao rápido adensamento que ficou conhecido como  "a urbanização da humanidade".

  Campo Grande não foi diferente, tendo iniciado sua ocupação na confluência dos, hoje, córregos Prosa e Segredo - atual Horto Florestal - e na rua velha - hoje R.26 de Agosto - , considerada a mais antiga de Campo Grande.
Com a localização da antiga estação ferroviária, em 1914, no local onde se encontra até hoje, ficou praticamente definido o centro antigo com duas vias principais, as atuais Rua Calógeras e Rua 14 de Julho.
  Nessa região já em 1877 foi construída a igreja de Santo Antônio , esquina da Calógeras com a XV de novembro.

  Com o crescimento, o centro seguiu o que aconteceu também nas grandes cidades, com o comércio, os serviços e algumas indústrias ocupando essa área e consequentemente a exclusão das habitações.

  Hoje o centro encontra-se com grande circulação de veículos e pessoas, em conflito constante. Os prédios na sua maioria ocupados pelo comércio, com suas fachadas de aço e fiação exposta, causando enorme poluição visual e necessitando de uma intervenção urbana do poder público.

  A região central é servida por toda infraestrutura urbana tal como água, esgoto, telefone, internet, transporte público, etc., e com grande potencial para melhoria e qualificação da sua circulação.


Agora fala-se em REVITALIZAÇÃO...

Dirceu Peters

quarta-feira, 30 de março de 2011

AGORA - LUDIO COELHO

 Vou deixar o ARQUI e escrever hj sobre o AGORA.
 Não poderia deixar de me manisfestar nessa hora em que Campo Grande deixa de contar com as luzes de um grande homem: LUDIO COELHO.
 Em 1990, perdi meu pai, uma grande referência na minha vida, e reiniciava minha carreira de profissional liberal, como arquiteto, após ter deixado a UFMS, quando recebi um telefonema de um secretário municipal me dizendo que o prefeito queria falar comigo.
 No dia seguinte compareci ao Paço Municipal e fui atendido pelo prefeito no horário marcado.
 O prefeito na ocasião era Ludio Coelho, que depois de uma conversa inicial, foi logo dizendo que tinha referências a meu respeito e que estava me convidando para ocupar a Secretaria Municipal do Controle Urbanístico (SEMUR).
 Já estava preparado para esse convite, mas tentei dizer a ele que tinha algumas coisas a resolver, mas com o pragmatismo que o caracterizava, - e que passei a admirar - , disse que me encaminhasse à procuradoria jurídica e que marcasse para a mesma semana minha posse.
 Esse era o início de uma relação curta, - não que eu quisesse -, mas extremamente gratificante e marcante na minha vida.
 Campo Grande deve muito de sua pujança à Ludio Coelho, pois foi em suas administrações que a sociedade entendeu que os impostos eram necessários e importantes pois eles retornavam à população em forma de serviços e obras para melhorar a qualidade de vida. Na administração em que participei, os impostos e taxas eram justos e os contribuintes pagavam, pois sabiam o que era realizado com a arrecadação.
 "Seu Lùdio", como todos o chamavam, não permitia que houvesse mistura de interesses públicos e privados, e isso constatei logo no primeiro dia em que estive em seu gabinete após a minha posse.
" - Secretário, - assim nos tratava - , o IPTU é muito importante para o município ". A SEMUR controlava e lançava esse imposto, então não existe amizade ou parentesco que o altere, somente se houver erro e ai, para todos.
 Tive inúmeros contatos com ele, e cada um mais gratificante e educativo que o outro. São muitos causos e estórias que contava, que não cabeira falar aqui sobre eles, vou me ater a falar do homem público que foi como o conheci.

O Administrador: A sua máxima, até hoje repetida por muitos políticos, "o município deve funcionar como a família, não se pode gastar, permanentemente mais do que arrecada. Temos que estar preparados para uma emergência como uma doença ou o casamento de um filho"- e assim agia-.
 Muitos o consideravam um homem de direita, nada mais preconceituoso que insistir nesse dualismo entre esquerda e direita. Esses se esquecem , ou nem sabem, que na sua administração foi criada a Secretaria Municipal de Assuntos Fundiários, depois a Empresa Municipal da Habitação, com os loteamentos sociais, pois com sua visão de homem do campo sabia que não poderia ser ocupada as margens dos rios e córregos, ainda mais por moradias.
 Insistia na qualidade dos serviços prestados à população, e a saúde e a educação foram grandes preocupações de suas administrações. Quando questionado sobre as filas nos postos de saúde e da dificuldade de vagas nas escolas municipais, respondia com sua simplicidade e sabedoria: " Estamos fazendo o melhor que podemos, mas quanto mais melhorarmos, mais gente vai procurar os serviços públicos e deixar de pagar consulta e escola particular".
 Os terminais, o constante aperfeiçoamento do transporte coletivo, o asfaltamento das ruas por onde passavam os ônibus, também foram marcas em suas administrações.
  A melhoria das condições dos ambulantes na R. Barão do Rio Branco com o fornecimento de barracas padronizadas, foi o início de um camelódromo organizado.
 Aprendi muito com Seu Lúdio, pois ele dava completa liberdade a seus secretários, mas era duro na cobrança do cumprimento, da legislação e das metas estabelecidas.
 Levou, da sua experiência como banqueiro, a gestão empresarial para a administração pública, modernizando-a e construindo a base sólida para que Campo Grande se transformasse no que é hoje.
 Como político me arrisco a dizer que foi muito avançado para nossa época, pois a população não o entendeu e não o elegeu como governador nem do Mato Grosso, nem do Mato Grosso do Sul, e tivemos essas oportunidades, Foi eleito Senador da República e conseguiu destaque entre seus pares, por sua seriedade, honestidade e compromisso no trato da coisa pública.
 Encerro dizendo que o ano de 1990 foi marcante na minha existência, que conforme disse anteriormente, perdi meu pai, mas também foi marcante por ter começado a conviver e a conhecer esse brasileiro chamado Lúdio Martins Coelho, o "Seu Lúdio".
 Campo Grande, estado do Mato Grosso Uno, Mato Grosso do Sul e o Brasil ficaram melhores depois da existência dele.


Dirceu Peters

quinta-feira, 10 de março de 2011

CAU - Conselho de Arquitetura e Urbanismo

 O CAU, é o Conselho de Arquitetura e Urbanismo, autarquia federal criada por lei do Congresso Nacional no final do ano de 2010, e que vai gerenciar a prática da arquitetura no Brasil a partir de 2012.
 O ano de 2011 será de transição para os arquitetos que deixarão o sistema CONFEA/CREA passando a ser registrados nesse novo conselho que é o CAU.
Nesse ano deverão ser eleitos os presidentes dos conselhos estaduais e o presidente do Conselho Federal, além dos conselheiros estaduais e federais, através de regras que falaremos em outro momento.
 As eleições serão organizadas pelos(as) coordenadores de camaras de arquiteturas dos CREAS e pela coordenadoria nacional, com a participação das entidades nacionais de arquitetos e urbanistas.
 A criação de um conselho próprio é uma luta antiga dos arquitetos, do IAB e das demais entidades nacionais que foram criadas durante esse período e que hoje formam o Colégio Brasileiro de Arquitetos - CBA. São elas:

ABEA  - Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo;
ASBEA- Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura;
ABAP  - Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas;
FNA    - Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas;
IAB     - Institutos de Arquitetos do Brasil;

 Os Arquitetos há muitos anos aspiram por um conselho, pois é a melhor maneira de podermos ter vida própria e nos firmarmos definitivamente como categoria profissional, pois entendemos que o sistema CONFEA/CREA não possibilita essa afirmação.
Mato Grosso do Sul é um dos estados em que os profissionais so sistema CONFEA/CREA convivem em harmonia, porém isso não acontece na maioria dos estados do país.
 O primeiro presidente do CREA/MS foi o Arquiteto Jurandir Nogueira, grande nome da arquitetura e batalhador incansável pela afirmação da categoria. Durante esses mais de 30 anos de CREA/MS os arquitetos sempre tiveram participação ativa na discussão dos destinos dessa entidade, ocupando cargos (até a vice-presidência) ou não das diferentes diretorias.
  A 1ª vez que participei da discussão desse conselho próprio (a época CRA), foi em 1979 no X Congresso Brasileiro de Arquitetos, em Brasília, ou em 1982 no XI Congresso Brasileiro de Arquitetos, em Salvador. - A memória me trai nesse momento e não encontrei qualquer citação dessa história nos documentos disponibilizados nos sites do IAB e do CAU. - Me marcou muito a plenária final do congresso, em que a discussão foi sobre o conselho e comandada pelo Arquiteto Clovis Ilgenfritz do IAB/MS.
 Essa história precisa ser resgatada, pois os arquitetos devem saber que essa luta existe a mais de 50 anos, e quais foram os grandes comandantes, entre eles o Arquiteto Miguel Ferreira.

Arquitetos, vamos nos mobilizar e aproveitar esse momento do novo conselho para fortalecer nossas entidades.


Dirceu Peters